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Em um mundo onde os relacionamentos interpessoais estão cada vez mais complexos, compreender os traços de personalidades dominantes é essencial para evitar relações abusivas e prejudiciais. Duas das características que frequentemente se sobrepõem são o narcisismo e o comportamento controlador. Mas, afinal, qual a relação entre eles?
O comportamento narcisista é amplamente estudado na psicologia, sendo um traço de personalidade marcado por um sentimento exagerado de autoimportância, necessidade de admiração e falta de empatia. O psicólogo Paul Wink (1991) definiu duas dimensões principais do narcisismo: o grandioso, caracterizado pela busca constante de atenção e poder, e o vulnerável, que envolve sensibilidade extrema a críticas e necessidade de validação externa.
Já o comportamento controlador se manifesta através da necessidade excessiva de dirigir a vida de outras pessoas, seja impondo regras, manipulando emoções ou limitando a liberdade do outro. O psiquiatra espanhol Iñaki Piñuel, estudioso das dinâmicas de abuso emocional, destaca que pessoas controladoras utilizam estratégias de manipulação psicológica, como a gaslighting (fazer a vítima duvidar da própria percepção da realidade).
O ponto em comum entre narcisistas e controladores é o desejo de poder sobre os outros. Ambos tendem a ver as relações como um jogo de domínio, onde precisam estar no comando. Enquanto o narcisista busca admiração e reconhecimento, o controlador quer previsibilidade e subserviência.
O psicólogo Craig Malkin, autor de Rethinking Narcissism, alerta que muitas vezes essas características se misturam. Um narcisista pode ser controlador, pois deseja garantir que sua grandiosidade seja constantemente reforçada, enquanto um controlador pode desenvolver traços narcisistas ao ver a própria capacidade de manipulação como um sinal de superioridade.
As consequências desse tipo de relação podem ser devastadoras. Relacionamentos com pessoas que possuem essas características frequentemente levam à dependência emocional, ansiedades e sentimentos de inferioridade na vítima. A psicóloga norte-americana Harriet Braiker, em seu livro Who’s Pulling Your Strings?, destaca que reconhecer esses padrões é o primeiro passo para recuperar a autonomia emocional.
Se você suspeita que está lidando com um narcisista controlador, é importante estabelecer limites firmes e buscar apoio, seja através da terapia ou do suporte de amigos e familiares. A consciência sobre essas dinâmicas ajuda a evitar padrões de abuso e a construir relações saudáveis e equilibradas.
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